De todos os que tenho em casa este é, sem dúvida, o mecanismo de que mais gosto: o da balança dos bolos. Os bolos de anos. As festas dos meus filhos quando eram pequeninos. A minha avó sentada na cadeira da cozinha, o Pantagruel meio desfeito e com nódoas na bancada e ela a olhar, muito contente, só por poder estar ali ao pé de mim. E dos bisnetos. Claras para um lado, gemas para o outro. 250 de açucar. E um deles a ajudar. Vá, sacodes o passador com farinha assim, devagarinho, enquanto eu mexo .O forno quente. O Salazar. Alguém quer rapar?
Os anos passam, o cromado tem ferrugem, a minha avó já não está na cadeira da cozinha, mas a balança dos bolos, com o seu mecanismo tão preciso, insiste em levar-me pelos deliciosos caminhos das memórias imprecisas ...
(estou sem scanner, desculpem ser uma fotografia:)
6 comentários:
Muito giro! Ainda tenho uma balança dessas da minha mãe! O meu filho quando era pequeno chamou ao salazar, o césar. imagina!
Meio torto, como as memórias... e deste-lhe um ar de máquina de escrever, que só lhe fica bem.
Gosto tanto do texto que escreveste.
Gosto do teu mecanismo com histórias.
Também tenho uma balança assim, mas já não a uso na confecção dos doces... a menos que acabe a pilha da nova balança electrónica ;-)
Que bom termos estas memórias. E partilhá-las... Também havia em casa dos meus pais uma balança de cozinha dessas. E servia para além dessa utilidade primeira, da pesagem dos ingredientes dos bolos, para pesar os bébés. Colocava-se um cesto daqueles de verga rectangular em cima e o bébé. Depois 2ª pesagem : o cesto com as roupas do bébé. Finalmente subtraía-se, e a diferença era o peso do bébé !!!
Lindo. A minha mãe tem uma. Comecei a fazer bolos e a usar a balança. A forma se seleccionava o peso era engraçada para mim. Belo texto.
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